quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ofuscação

Meus olhos hoje refletem
A essência do que um dia eu vivi
A saudade causa um brilho especial
E a dor uma cegueira crucial
Sinto falta dos reflexos antes avistados
Hoje contento-me apenas com meros vultos revoltos
A cor tornou-se breu
Já não contemplo mais os olhos teus
A aflição atroz revela-me que o fim se achega veloz
Tantas coisas deixarei para traz
Já sinto o gosto do fim dilacerar minha paz
Adeus mundo vão, nos encontraremos na calmaria da alva.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Re_Começo

Rabisque-me com teus argumentos
Quais desculpas usarás?
Nada de futilidades, por favor.
Borracha não apagará teus deslizes meu amor
Sugiro que você use uma virgula
E tente emprega-la como enceto
Ficarei atenta e julgarei tal tentativa
Um ponto final eu tenho guardado
E usarei assim que descobrir
Que meu bom grado não lhe serve mais de amparo

Liberta

Sem eira e nem beira
Tornou-se uma dor
Furtaram-me a cor
Teu cárcere me maltrata
Trouxe a tona meu mal humor
Solte-me desse teu ardor
Liberdade não merece saborear tal fel
Ofereça-me, por favor, uma dose de mel
Permita-me caminhar e encontrar a passagem
Da real felicidade que me levará de volta ao céu

Acorda

Cansada de quê?
Abrir mão do aprender
Pra lançar-me a deprê?
Não.
Quero vida, noites perdidas
Conhecer e reconhecer que tantas coisas posso fazer
Pra que cultivar solidão?
Isso é tudo muito em vão
Quero o mundo inteiro na minha mão
Quero ver o dia negro ficar
Quero ver a negra noite acordar
Quero saborear chuva
Quero radiar animação e observar  a aurora em mutação
Quero ver o arco-íris do teu olhar
Quero ver teu sorriso a me convidar
Quero aceita-lo e provar
Que ainda vale a pena acordada sonhar.

Luará

Tão acessa que chega doer
Para observar você
Quase cego meu ser
Seja assim tão clara
Sua luz irradia tanta calma
Posso sentir o alvoroço da alma
Quero lançar-me ao teu alcance
E toca-la mesmo que de relance
Será como um sonho, um luar
Vagarei calmamente na orbita lunar

Saudade do estar junto
A distância tomou conta
Só resolveu ficar a nostalgia
E para não me sentir tão só
Resolvi convida-la para entrar
Tentei conversar e interatuar
Mas não compreendi tal linguajar
Habituei-me ao nosso patoá
Uma semana sem vocês
E se fosse um mês?
Recriminei tal possibilidade
E acostumei-me com o fel da saudade

Registro de uma história já iniciada (repassando apenas)


“Você que me lê, preste atenção, não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual pelo seu ouvido sem antes registrá-la. Amanha você pode precisar dela”.
                                                                                                              Carlos Drummond de Andrade

*

A novidade causa-me vertigens
 

Alegria de ver um sonho realizado vem acompanhada do medo da obrigação
O dever do dar certo está me causando ansiedade
Isso não deve ajudar, mas, já que estou na chuva, vou me jogar, deixa molhar!